O MUNDO ESTÁ ORANDO POR SAF. MAS QUAL SAF, FEITO DE QUE?

Aqui reside um desafio. O mundo utiliza cerca de 300-350 milhões de toneladas de combustível de aviação por ano, 99,83% dele produzido a partir de petróleo. O mundo precisa de uma redução urgente das emissões fósseis, mas atualmente tem poucas opções para produzir um substituto mais sustentável. As escolhas óbvias são o bioetanol, os óleos vegetais (incluindo o óleo de cozinha usado) e gordura animal. O problema com estas matérias-primas é duplo: 1) o rendimento por ha-ano é baixo porque a eficiência da transformação da luz do sol em biomassa acima do solo via fotossíntese é menor que 1% para as melhores plantas terrestres, como a cana de açúcar. 2) A consequência é a necessidade de se comprometer vastas áreas férteis e muita água para a produção de combustíveis ao invés de se produzir alimentos como açúcar, amido e óleos comestíveis. No melhor caso – etanol de cana de açúcar – menos de 0,20% da energia do sol vai parar no álcool. Se a procura por SAF (Sustainable Aviation Fuels) feito a partir de derivados destas culturas alimentares como o etanol explodir, a procura de novas terras para cultivá-las também explodirá, produzindo enormes quantidades de mudanças do uso da terra que poderão emitir muito carbono além de colocar imensa pressão sobre a oferta de alimentos, sobre seu preço e sobre o meio ambiente. Como consequência, os líderes mundiais já estão reagindo. A UE decidiu que o SAF e o bio-bunker não podem derivar de culturas alimentares, apenas de resíduos lignocelulósicos, óleo de cozinha usado e resíduos animais descartados. A administração do presidente Joe Biden está prestes a anunciar um ajuste na sua modelagem científica para o etanol, provavelmente mostrando que o seu poder de redução de emissões em relação à gasolina não é tão bom como se pensava anteriormente. Muito provavelmente os EUA e outros intervenientes seguirão os passos da UE, deixando os e-combustíveis feitos com CO2 e energia renovável e biocombustíveis de 2ª geração como as únicas alternativas para o SAF.

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