O “Regulamento Marítimo FuelEU” e o Regulamento de Aviação RefuelEU da União Europeia excluem o etanol de 1ª geração (E1G) de ser usado como precursor de combustível renovável para navios e aviões. E1G é o conhecido etanol feito de cana-de-açúcar, milho e outras culturas destinadas à produção de “alimentos”. Apenas o etanol de 2ª geração (E2G), feito a partir de resíduos vegetais (material lignocelulósico não comestível), será aceito como matéria-prima para a produção de SAF e Bio-Bunker. Uma instituição de etanol com sede na Europa – ePure – quer mudar esta decisão e apelou à justiça de UE. A Right Energy concorda com a decisão da UE de proibir o E1G porque se for permitido que ele seja matéria-prima para movimentar navios e aviões, certamente haverá uma enorme expansão da área de cultivo de cana e milho para combustível, com um efeito prejudicial não apenas na oferta/preço dos alimentos, mas também no crescimento da intensidade de carbono fóssil no bioetanol produzido (mudança no uso da terra), juntamente com um impacto mais negativo no meio ambiente. Os setores marítimo e de aviação consomem mais de 300 milhões de toneladas de combustível por ano cada. Em média 2 kg de etanol resultarão em 0,8 kg a 1,0 kg de SAF. A substituição de 5% do consumo global de aviões exigirá a produção de mais 37,5 bilhões de litros de etanol. Se assumirmos a mesma proporção para substituir 5% do bunker para transporte marítimo, teremos de poupar 75 bilhões de litros de E1G de uma produção global total atual de cerca de 100 mil milhões de litros/ano. Estes 75% de todo o E1G produzido hoje descarbonizariam apenas parcialmente os 5% deslocados dos combustíveis fósseis porque a redução efetiva nas emissões será de apenas cerca de 2,5%, uma vez que a mistura de etanol de cana-de-açúcar e de milho reduz as emissões de CO2 em menos de 50%! Mas se a regra da UE for mantida, apenas o E2G será aceito. A produção de E2G hoje – toda realizada no Brasil – gira em torno de 100 milhões de litros/ano, 0,13% dos 75 bilhões de litros necessários. Não parece uma saída. Precisaremos de combustíveis sintéticos que exigem hidrogênio verde e carbono verde. Será possível produzi-los? Impossível prever.